Sobre o Visagismo

A Historia do Visagismo

História do Visagismo

História do Visagismo

A expressão através da imagem pessoal foi de suma importância para o homem primitivo.

Não existe a padronização da imagem pessoal nos povos primitivos. Isso só surgiu na época dos faraós no Egito antigo e foi adotado como meio de submissão nos regimes feudais. O Visagismo é o resgate da expressão por meio da imagem pessoal, então não é algo novo, que alguém criou. É uma arte.

Fig.1: Fernand Aubry (1907-1973)

O termo visagisme, palavra derivada de visage, que, em francês, significa rosto, foi criado por Fernand Aubry, em 1937. Fernand Aubry nunca publicou um livro, ou definiu o conceito do Visagismo. Existem alguns fragmentos de suas aulas de maquiagem e algumas frases, que mostram que ele julgava que o profissional de beleza precisava pensar em mais do que criar uma imagem harmônica e equilibrada visualmente; dizia que precisava expressar uma personalidade. Não legou nenhum método para conseguir isso, fato que dificultou a aplicação desse objetivo por outros cabeleireiros e maquiladores, e que levou a uma série de deturpações ao longo dos seguintes anos.

Antes de Aubry, houve uma série de acontecimentos, que foram fundamentais para o surgimento do Visagismo. Houve enormes mudanças sociais e econômicas, que resultaram no fim da nobreza e o surgimento da classe média, além do início de uma oposição à classe dominante. Além disso, estava em curso uma grande revolução nas artes e no design.

No final do século XIX, o arquiteto Louis Sullivan estabeleceu um conceito que mudou radicalmente a arquitetura e todas as outras artes aplicadas. Esse conceito é resumido na sua célebre frase "a forma sempre segue a função." Em 1918, a escola de artes Bauhaus foi fundada sobre esse princípio, por Walter Gropius e um influente grupo de artistas, e seus ensinamentos mudaram definitivamente toda a área de artes visuais, desde as Belas Artes ao Design.

Fig.2:Louis Sullivan (1856-1924)

Fig.3: Walter Gropius (1883-1969)

Essa frase significa que, antes de se pensar no que será bonito ou esteticamente agradável, é preciso pensar para que ou quem a imagem serve. Há casas muito bonitas, mas desconfortáveis, escritórios lindos, mas nada funcionais. Há xícaras belas, mas difíceis de segurar. E vemos cortes e penteados belíssimos, que, mesmo deixando a pessoa bonita, não são adequados. Por exemplo, uma jovem médica pode ficar linda com cabelos esvoaçantes, mas não despertará muita confiança em sua competência.

Quando se pensa primeiro na função, esta determinará como a imagem deve ser criada, para ser adequada, sem deixar de ser bela.

Enquanto todas as outras artes aplicadas visuais seguiam o conceito de Louis Sullivan e da Bauhaus, a arte de criar uma imagem pessoal ia na contramão. Além disso, na maioria dos cursos que surgiam para maquiadores e cabeleireiros, só se ensinava as técnicas e faltava algumas informações essenciais, principalmente sobre a linguagem visual. O Visagismo, consequentemente, acabou se tornando meramente uma técnica para harmonizar o formato do rosto e o tom da pele com o cabelo e a maquiagem. Ao invés de uma personalização da imagem e a criação de uma personalidade, ocorreu o oposto, padronizando e descaracterizando as pessoas.

Muitas pessoas, ao longo dos últimos 75 anos, foram responsáveis pelo fortalecimento do visagismo. O artista e professor da Bauhaus, Johannes Itten, criador do sistema de cor Color Star, descobriu que havia uma relação entre as cores que seus alunos usavam e a cor da pele. Ele percebeu que cada aluno pintava com uma determinada cor mais do que outra e que essa cor se assemelhava à cor da sua pele. Por exemplo, quem pintava com cores quentes, tinha um tom de pele quente.

Fig.4: Johannes Itten (1888-1967)

Isso levou Robert Dorr a criar o Color Key System, que revolucionou a indústria de cosméticos, por classificar as peles em quentes ou frias. Suzanne Caygill (1911-1994) fez a mais profunda pesquisa de cores de pele, identificando 32 tipos, nos anos 40 e criou a Suzanne Caygill Academy of Color e escreveu Color: The Essence of You (Celestial Arts, Millbrae USA,1980), infelizmente fora de catálogo. Para simplificar o uso da cor e identificar o tipo de pele, desde então as peles estão classificadas em quatro "estações": primavera, verão, outono e inverno, como o livro de Berenice Kentner Color Me A Season explica.

Quem mais difundiu o conceito do visagismo nos últimos anos foi Claude Juillard, coautor do livro Formes et Couleurs (Solar, Paris, 1999), com Brigitte Gautier, mas antes dele, várias outras pessoas se dedicaram a manter esse conceito vivo.

Fig.5: Suzanne Caygill

No entanto, o ensino do visagismo tem se restringido à identificação dos formatos (formes) do rosto e dos tons de pele (couleurs), assunto de todos os livros que encontrei quando pesquisava o assunto para meu livro, inclusive o do Juillard, no qual também não definiu o conceito do Visagismo. A linguagem visual e a análise da personalidade são abordadas de maneira intuitiva e, infelizmente, há uma tendência de padronizar as soluções. Tive acesso a várias apostilas de cursos de visagismo que estabelecem regras, quando investigam as soluções. (Por exemplo, sentenciam: num rosto retangular ou quadrado, nunca se deve usar linhas verticais ou horizontais.) Isso revela que continuam abordando a construção da imagem pessoal exclusivamente pela estética (a forma), sem a análise da função, o que enquadra o visagismo como uma prática acadêmica. Nenhum método incluía uma consultoria para descobrir o que o cliente deseja expressar.

Portanto, muitos veem o visagismo como uma prática acadêmica e, por isso, o rejeitam.

Fig.6: Philip Hallawell

Meu livro, Visagismo: harmonia e estética (Ed. Senac SP, 2003) é o primeiro que mostra como essa linguagem se aplica à arte de criar uma imagem pessoal. Com esse conhecimento, o profissional tem mais liberdade de criar, porque não mais depende unicamente de sua intuição e inteligência visual. Para mim, o visagismo é um conceito, que só pode ser aplicado com conhecimento profundo da linguagem visual, sabendo analisar tanto as características físicas (formas de rostos, tons de peles e feições) quanto a personalidade, e liberando a criatividade, sem se prender a fórmulas ou regras.

Os livros Visagismo: harmonia e estética e Visagismo Integrado: identidade, estilo e beleza (Ed. Senac SP, 2009) é ainda são os únicos no mundo que abordam o Visagismo desta maneira. Estabelecem as bases da individualização da imagem pessoal de acordo com a personalidade, estilo de vida, posição social e características físicas. Explica o funcionamento da linguagem visual, como entender o que uma imagem expressa e como identificar as características físicas de uma pessoa. O segundo livro ainda explica como interpretar o que as linhas, formas e cores expressam e como conduzir uma consultoria para estabelecer o que o cliente deseja expressar.

Esses livros formam a base de todos os cursos superiores de Visagismo que surgiram a partir de 2007 no Brasil e utilizados em centenas de TCCs de alunos das instituições. O Visagismo Philip Hallawell também tem sido tema de monografias em pós-graduação em diversas áreas, como da Dra. Luciana Macedo na aplicação do Visagismo Philip Hallawell na Cosmiatria.

Em 2017, Dra. Patrícia Alencar conduziu uma pesquisa científica na área da Psicologia Comportamental, com mais de 1000 mil pessoas, usando o Visagismo Philip Hallawell, o que o Instituto de Psicologia e o Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo e o Ministério da Saúde do Brasil aceitaram como a base científica da pesquisa. Ela comprovou que as pessoas reagem de maneira padronizado às imagens das pessoas.

Esse método foi criado a partir da associação de conhecimentos de quatro áreas de estudo científico: a linguagem visual, a psicologia, a ciência cognitiva e a antropologia. Na área da psicologia engloba a teoria de símbolos arquetípicos, do psicólogo Carl Jung, estudos sobre identidade, personalidade e temperamento, e técnicas de indução à reflexão e à criação de conceitos, desenvolvidos para estimular a criatividade. A identificação dos símbolos arquetípicos nas estruturas da imagem pessoal – nos formatos do rosto das feições e do formato do cabelo e nas linhas que compõem as feições da face e os cabelos – permite fazer uma leitura do que a imagem pessoal como um todo expressa e o que a face revela do temperamento. Trabalhos na área da ciência cognitiva, vistas à luz dessa percepção, indicam que imagens provocam reações emocionais, antes que possam ser analisadas racionalmente, o que explica porque a imagem pessoal tem tanta influência na autoestima, no comportamento, no estado psicológico e emocional e nas relações com outras pessoas.

O visagista, que trabalha com meu método, usa essa leitura para fazer a consultoria e ajudar seu cliente a estabelecer uma intenção para sua imagem.
Profissionais de diversas áreas podem usar esse método e aplicar o visagismo nos seus trabalhos. Isso já acontece na odontologia estética, na medicina estética, na moda, no design de interiores e na arquitetura, na psicologia do trabalho e no gerenciamento de equipes.

Por ₢Philip Hallawell

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