O Uso da Cor na Imagem Pessoal
Saber escolher a cor adequada para o cabelo é essencial ao hairstylist
Na criação de um estilo personalizado é muito importante saber combinar a coloração do cabelo, da maquiagem e das vestimentas com a pele da cliente e com o que deseja expressar. Os profissionais de beleza também precisam saber como as cores afetam pessoas de diferentes personalidades. Tenho observado que poucos profissionais, exceto consultores de imagem, analisam o tom de pele de seus clientes e, quando o fazem, acham que podem depender de sua percepção, sem a ajuda de um método ou das ferramentas indicadas. A consequência é que muitos dos resultados são inadequados estética e estilisticamente.
Os maiores desafios, para quem trabalha em salões de beleza, são achar o tempo para fazer a análise da pele e evitar a bagunça que o teste deixa. O método tradicional requer colocar tecidos, de diversas cores, em sequência, sobre os ombros e embaixo do rosto do cliente, para avaliar quais cores favorecem a coloração da pele. Os objetivos principais são: descobrir se a pele do cliente é fria ou quente, se é clara ou escura e se é de tom amarelado ou avermelhado.
Veja na fotografia quantos panos estão sobre a bancada e imagine como ficaria um salão de beleza se 5 ou 6 cabeleireiros estivessem fazendo análises de pele!
Criei um outro método, mais elegante. Substituí os panos por tiras de papel cartão, pintadas com as cores usadas na análise, do tamanho de uma boca. O profissional coloca as tiras em frente da boca do cliente e procede como se faz quando se utiliza panos. Além de não fazer bagunça, há a vantagem que as cores do cabelo e da roupa não interferem na avaliação, porque a visão é restrita à área ao redor da boca. O problema é que cada profissional tem de confeccionar seu próprio kit.
É possível substituir os panos por cartolinas.
Há outros fatores que complicam a análise. O mais importante é a luz, que tem de ser natural ou neutra. Quando se fala em natural, é a luz do dia entre as 10hs da manhã e 16hs da tarde, num local bem iluminado, mas sem sol incidindo diretamente na pessoa. A luz neutra é que tem temperatura neutra, que significa que não é nem fria, nem quente. A temperatura é medida em graus Kelvin (Kº) e a neutra é de 5500Kº. A luz também tem de ter um índice de reprodução da cor (IRC) próximo a 100, senão haverá distorção da cor. E o ambiente precisa ter cores neutras, senão os tons da cores do ambiente refletirão na pele do cliente, alterando a cor da pele.
Percebi, então, que há uma outra maneira de analisar se a pele é fria ou quente, o fator mais importante para um cabeleireiro. Ajuda consultores de moda e maquiadores também, porque é mais um dado que assegura que o resultado da análise seja correto. Simplesmente pergunte ao cliente como que sua pele fica quando o bronzeamento se fixa. Quase todo mundo sabe como sua pele fica durante uma temporada na praia. Não é quando a pessoa começa o processo de bronzeamento, porque quase todo mundo, que tem pele branca, fica vermelho. É depois de alguns dias exposto regularmente ao sol a que me refiro.
Há quatro possibilidades para pessoas com pele clara. Elas podem ficar com a pele dourada (tipo primavera), acobreada, o “Coppertone” (tipo outono), escurecida para o tom de café (tipo inverno), ou, simplesmente, a pessoa nunca consegue se bronzear – a pele queima, descasca e fica branca novamente, repetidamente (tipo verão). Para ajudar o cliente, é interessante ter fotografias dos três tipos de bronzeamente. Quanto mais clara a pele, mais dificuldade a pessoa tem de segurar a cor do bronzeado.
Peles negras são mais fáceis de analisar e, quando a pessoa se expõe ao sol, a pele escurece, mas pode ficar mais dourada (tipo calipso), mais avermelhada (tipo spike), mais próxima à cor de jacarandá ou café escuro (tipo jazz), ou mais negra (tipo blues). As peles neutras saara e nilo tendem a escurecer, como a pele inverno.
Nos anos 40, Suzanne Caygill, uma maquiadora e artista americana, fez a mais extensa pesquisa sobre tons de peles brancas (caucasianas), catalogando 64 tons diversos em 4 categorias, que ela chamou das estações: primavera e outono, as peles quentes, e verão e inverno, as frias.
Em 1991, Jean Patton criou uma classificação para as peles negras. A essas deu nomes de ritmos de música, locais e especiarias: calipso e spike, quentes, jazz e blues, frias, e saara e nilo, neutras.
É fundamental entender que cores frias não harmonizam com cores quentes. Em princípio, cores quentes em peles frias destoam, assim como cores frias em peles quentes. E uma cor quente numa pele fria vai deixar a pele com um aspecto mais frio. Isso mesmo, mais frio, porque houve um aumento de contraste, assim como a água parece mais fria quando sua mão está quente, do que quando sua mão está fria.
Além disso, é importante saber o que cada cor expressa, se a cor escolhida estará de acordo com a intenção da cliente. Nem sempre o que é bonito é adequado. Por exemplo, se a pessoa quiser expressar força e determinação, o cabelo loiro pode ser leve demais, porque o amarelo expressa energia e dinamismo. Nesse caso, se a pessoa deseja ter a aparência de uma loira, o melhor seria aplicar um marrom mais escuro no fundo e, depois, luzes douradas, ou se pode colocar o dinamismo no corte e não na cor.
Primeiro, vamos ver o que as cores quentes expressam. O amarelo é ligado ao sol e expressa energia, enquanto o dourado é mais exuberante, pois remete ao ouro e à riqueza. São cores que deixam a pessoa mais dinâmica, porém podem criar agitação também. O vermelho é passional e intenso, enquanto a cor de laranja, mistura de amarelo e vermelho, é emocional. São cores que mexem com o estado emocional da pessoa, então devem ser usadas com cautela se a pessoa estiver com desequilíbrio emocional ou psicológico. O marrom é associado à terra e dá a impressão de segurança e aconchego.
As cores frias são o azul, o verde, o roxo, o prata, o branco, o preto e cor de rosa. O azul é ligado à água e ao céu e passa calma. O verde é relacionado à natureza e expressa vitalidade. O roxo é a cor que espiritualiza as pessoas. O branco cria a sensação de pureza, enquanto o preto é ligado à morte e ao luxo. A cor de prata expressa fineza e é associado ao dinheiro. Finalmente, a cor de rosa expressa infantilidade e inocência.
Quanto mais clara a cor, maior leveza proporcionará à imagem e à pessoa. Cores escuras são densas e pesadas, então assentam a pessoa e, também, expressam firmeza, poder e força.
Quando se faz a coloração do cabelo, todas essas questões precisam ser levadas em conta, senão corre-se o risco de criar uma imagem sem harmonia e estética, ou de expressar algo que a pessoa não deseja. Além de linda, a cor tem de estar em harmonia com a intenção e a identidade da cliente.
Para dominar a harmonia da cor é preciso fazer um curso bom sobre cor e cor da pele, mas isso não basta. O mais importante é treinar pintando. Nunca se domina cor somente pela teoria.
Para identificar a intenção do cliente, é preciso ter a formação em Visagismo Philip Hallawell.
Por ₢Philip Hallawell
Itu, outubro 2019
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